Esta série marca o início da busca, feita pela artista, na investigação do tema efemeridade. De forma complementar, o texto “Efêmeros”, escrito anos antes, interage com está série.
Texto: Efêmeros
A sete palmos de terra, a sete chaves em um fundo de baú, sob seu senso de crítica, em nome dos acordos coletivos dos temerosos que morrem todos os dias: morrem por medo de não receber sua parte, morrem na espera. E nós morremos juntos. Não das doses que inflamam o corpo, mas da sobriedade da vida, que sempre volta ao julgo do pouco juízo que ainda temos. Esse juízo cansa, fatiga, esgota. Morremos desses dias permanentes, profundamente racionais. Efêmeros são os momentos onde os ébrios falam, quase em oração, aquelas falas que carregam consigo a anistia para a vida que segue. A vida floresce na liberdade. Quem vive é aquele que morre uma vez apenas. Efêmeros somos nós que morremos todos os dias.